terça-feira, 18 de maio de 2010

A memória


Durante os primeiros oito anos da minha vida morei em duas igrejas. Lembro-me do meu primeiro dia de aulas. A minha mãe levou-me à escola, mas não sei bem porquê não queria lá ficar de maneira nenhuma e fugi. Mas com o tempo habituei-me e até gostei da escola.
Lembro-me que nessa altura adorava brincar, de fingir ser quem eu não era, gostava de imitar profissões dos adultos, de ver televisão o dia todo. Nessa altura quem fazia parte dessas brincadeiras eram os meus vizinhos que moravam na casa em frente à minha.
Nessa altura o que mais me custou a ultrapassar foi a minha mudança de residência, porque deixei para trás os meus amigos e as nossas brincadeiras. Já na nova residência, os primeiros anos foram difíceis para integrar-me com os outros miúdos que para mim não passavam de autênticos desconhecidos. Foi uma altura em que me isolei do mundo, não me interessava por nada, era capaz de estar toda a semana dentro de casa em frente à televisão, como se vivesse num mundo à parte. Com o tempo apercebi-me de que não era a atitude mais correcta. Foi então, quase com dez anos, que comecei a entrar nas brincadeiras e a relacionar-me com os novos vizinhos.

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